

Há muitos, muitos anos, não se ia á loja de Janeiro a Janeiro, nem estava aberta o ano inteiro. Não se chamava Pingo Doce, Feira Nova ou Recheio, mas estabelecimentos Jerónimo Martins.
Decorria o ano de 1792, quando um jovem galego chega a Lisboa em busca de melhores dias, e abre a sua modesta loja no Chiado onde as cicatrizes do terramoto de 1755 são ainda visíveis. Na sua "tenda", como na época lhe chamavam, vende de tudo um pouco: os enchidos carregados de colorau, queijo, as sacas de trigo e de milho, molhos de velas de sebo, boticões de vinho, vassouras, etc.
Inicialmente situada na actual Rua Ivens, a "tenda" muda para a Rua Garrett, edifício que se mantém até ao grande incêndio que destruiria boa parte da tradicional imagem do Chiado.
Entre guerras familiares, quase falências, duas guerras mundiais e várias revoluções, passaram mais de dois séculos e nesse longínquo ano de 1792, Jerónimo Martins não terá imaginado que a sua humilde loja iria atingir tal longevidade e transformar-se no Grupo que é hoje.